Autora amazonense lança livro de poesia
A romancista e poeta amazonense Regina Melo lança em Natal, RN, no dia 8 de março, às 18 horas, na Galeria Surto Cultural (Av. Pirangi, 2262 -Ponta Negra), seu mais recente livro Mais uma vez Poesia, com poemas sobre a existência, vivências sociais e políticas, luta em defesa da natureza, devaneios e paixões que inquietam seu imaginário.
Regina Melo escreveu os romances mitológicos Ykamiabas – Filhas da lua, mulheres da terra, Oceano Primeiro – Mar de leite, rio da criação e A fênix e o dragão – paixão e eterno retorno, contemplados em editais de cultura do Governo do Amazonas e Banco da Amazônia. Mais uma vez Poesia é o quarto livro de poemas da autora, que escreveu Pariência, Estação do Nada e O Poema há mais de duas décadas.
Diretora e roteirista do curta-metragem Os anseios das Cunhãs, Prêmio Carmen Santos Cinema de Mulheres, de 2013, Regina Melo é autora de dois livros de pesquisa sobre saneamento básico: História do Saneamento de Manaus e História do Abastecimento de Água de Manaus. Com a publicação do novo livro de poemas, Regina Melo retoma o gênero literário que a lançou no mundo da literatura.
O livro, segundo a autora é um chamado para que as pessoas percebam a poesia no seu dia a dia. “A poesia está no sentimento, no ato de perceber como a existência se manifesta em nosso cotidiano, em como interagimos com a vida”, diz Regina Melo, ao acrescentar que “precisamos mais do que nunca de poesia, de despertar o sentido de viver e sonhar, de viver poeticamente”.
Mais uma vez Poesia tem capa da artista visual potiguar Thayná Almeida e foi editada pela 8 Editora, de Natal, RN. O lançamento terá performances artísticas de Nathy Passos, Meg Vasconcelos e Síria Maria e música com Ananda Krishna. Na ocasião, a autora oferecerá aos presentes uma degustação amazônica à base de pães de açaí e pastas de jambu e pirarucu, além das cachaças de jambu e graviola (gratuito) e disponibilizará a venda de vinhos tintos e de verão a 10,00 (dez reais) a taça.
Regina Melo é jornalista, pesquisadora, poeta, romancista, compositora e produtora de audiovisual. Nascida em Manaus, Amazonas, iniciou sua produção literária ainda na infância. Publicou seu primeiro livro de poesia, Pariência, aos 25 anos e o segundo, Estação do Nada, três anos depois. O terceiro, O Poema, confeccionado artesanalmente com a artista plástica Auxiliadora Zuazo, só seria publicado 10 nos mais tarde. De lá pra cá, a autora não publicou poesia.
Escreveu História do Abastecimento de Água de Manaus e História do Saneamento de Manaus, dois livros de pesquisa sobre saneamento básico. Publicou uma revista de história em quadrinhos, Os anseios das cunhãs, Prêmio do Governo do Estado do Amazonas, em 2005, e os romances Ykamiabas - Filhas da lua, mulheres da terra (duas edições, 2004 e 2012), Oceano Primeiro – Mar de leite, rio da criação (duas edições, 2011 e 2013) e A Fênix e o dragão – Paixão e eterno retorno (2018), através de premiação em editais.
Produziu documentários e curtas, dentre os quais: Você vive porque o rio vive (2009) e Os anseios das cunhãs, Prêmio Carmen Santos Cinema de Mulheres, 2013. Integrou o Grupo de música Tariri, nos anos 80, em Manaus, como cantora e compositora, junto com Natacha Andrade, com quem fez importante parceria. Participou de festivais de música, com premiações, em Manaus e São Paulo. Atualmente compõe o grupo de poetas Doce Poesia, em Natal, no Rio Grande do Norte, onde reside.
(Orelha da capa)
Poesia é uma leve dança, mas também pode ser um furacão. Ela tem o poder de nos tirar do lugar e nos levar por caminhos infinitos. É uma condução prestes a nos afogar de amor ou nos impulsionar à luta. Ninguém passa incólume a ela, mesmo nos poemas mais herméticos ou aparentemente sem sentido. Porque poesia é desassossego, inquietação. Ela nos direciona a movimentos imprevisíveis. Leva a gente a lugares novos, mesmo se revisitamos o passado. Ela move pensamentos, dirige os passos, sai da gente e toca o outro num sorriso, num abraço, num aperto de mão. Surge, de repente, na chuva, nas trovoadas e, quase sem a percebermos, desponta num arco-íris, ou no sol. O temporal se desfaz e os pingos que ficam nas calçadas reluzem através de um sorriso em nossa boca. Aqueles que acabaram de passar por nós podem nem perceber, mas estamos nesse exato momento vivendo um instante poético. Poesia está na enxurrada, no calor, no frio, na solidão, na despedida, na chegada. Em todos os caminhos, porque poesia é a própria vida, a vida que se deixa sentir. Viver sem poesia não tem graça alguma, porque não tem sentimento, não tem expressão. Mesmo uma grande dor tem poesia, se saímos da gente para olhar para a gente. A reflexão tem poesia. A meditação tem poesia. A respiração tem poesia. Tudo tem poesia. Dos sentimentos percebidos e sentidos nascem a poesia. Os momentos vividos com poesia jamais são esquecidos, porque tocam a alma da gente. Tocar a Poesia é tocar o universo que o verso une.
Um passeio pela poética da imaginação
Eis que me vejo com nova disposição para mexer em guardados e juntar o que venho escrevendo no decorrer de mais de duas décadas, tempo em que não editei, mas mantive acesa a chama poética.
Encontro poemas escritos em momentos esparsos e distintos. Reúno esse imaginário disperso em inquietações juvenis, amores vividos, sonhos acalentados, lutas em prol da natureza e da vida, vivências sociais e políticas.
Meu desafio é ordená-los para que possam ser apresentados numa concepção criativa. Estruturo o livro em sete temas: 1) Poética da Existência; 2) Poética do Corpo; 3) Poética das Ruas; 4) Poética da Natureza; 5) Poética do Amor; 6) Poética do Devaneio e da Luta; 7) Poética do Regresso, este último, um resgate de alguns poemas já editados. Concebo essa poética entre rimas, ritmos e melodias, em cantos substantivos de espaços e harmonias musicais, que se encontram tanto dentro quanto fora dos nossos mundos, entranhados no olhar, no tocar, no sentir, no caminhar, no viver, no sonhar. Como uma dança que se inicia dentro de casa e ganha o mundo, Regina Melo.
